Artigo: "Ao Prefeito o que é do Prefeito" por Kelson Vilarinho

Artigo:  "Ao Prefeito o que é do Prefeito"  por Kelson Vilarinho
Divulgação

Estamos no início de um ano eleitoral, 2020 nos traz a oportunidade de escolhermos aqueles que estarão à frente dos 246 municípios goianos pelos próximos quatro anos. O momento é de reflexão e não estou falando em analisar a vida pregressa dos candidatos para estabelecermos os que merecem ou não a nossa confiança, isso, é uma obrigação como eleitores. Pretendo trazer ao debate o outro lado, o da gestão municipal, da responsabilidade de gerir uma cidade em suas diversas áreas proporcionando melhor qualidade de vida aos munícipes. 

            Sou prefeito reeleito do município de Cachoeira Alta, portanto, não sou candidato nesta eleição, mas, com a experiência adquirida e conhecedor das dificuldades enfrentadas na condução de uma cidade, seja ela grande ou pequena, resolvi explanar situações que vivenciamos, certamente, também sentidas por outros colegas prefeitos e, que precisam ser reavaliadas.

Infelizmente, parece estar enraizado na cultura administrativa transferir responsabilidades e na sociedade, a comodidade de culpar o que está mais próximo. O resultado disso, custos extras e desgastes desnecessários com a população, neste caso, muito pelo desconhecimento de atribuições. O mesmo não posso falar de agentes públicos, que em determinadas circunstâncias misturam políticas públicas com políticas partidárias, estes sabem das adversidades que desafiam uma gestão municipal, mas, permitem que fatores externos que não visam o bem comum tenham interferência em suas ações e decisões. É um equivoco olhar apenas para o seu problema e ficar alheio ao do outro, permitir definições por interesses políticos e, em alguns casos, agir com o único objetivo de prejudicar a imagem do administrador. Isto acontecendo, quem sofre as maiores consequências é o povo.

            Cada um precisa fazer a sua parte. Ao assumirmos uma prefeitura recebemos de herança não somente o que foi deixado pela administração anterior, mas, um fardo muito maior que é imposto por entes e poderes da federação. Não é concebível que o município tenha que arcar mensalmente com custos consideráveis para que se tenha acesso a serviços prestados por órgãos do estado ou pelo poder judiciário, por exemplo, sob pena de punir a população com a ausência desta determinada atividade. Situações que nos obrigam a ceder servidores ou ainda, oferecer um imóvel ou pagar o aluguel por este, para atender demandas que não são da competência municipal, acrescenta-se, hora extra, deslocamentos e outros, que somados pesam e muito, na conta de quem tem menos recursos, que tem obrigações imensas e que recebe a maior cobrança, afinal, moramos nos munícipios, é aqui que precisamos da saúde, educação, infraestrutura, assistência social.  

            Quando um cidadão é assaltado ou perde sua vida sendo vítima da violência, a notícia que corre é que o prefeito não oferece segurança, sendo que, Segurança Pública é dever do Estado. Faltou água ou energia em alguma localidade, cobra-se o município, quando, Água é de responsabilidade da Saneago, que é do Estado e luz, da Enel, uma empresa privada.

Estas ocorrências são fatos e colaboram muito para uma avaliação precipitada por parte da população, que não tem mais paciência com políticos, por estar exaurida de exemplos negativos que tomam conta dos noticiários na imprensa. Este açodamento desgasta administrações sérias, de pessoas honradas e comprometidas com a sociedade, afastando gestores competentes das atividades públicas e do pleito eleitoral e, como em politica não há espaço vazio, entram os aproveitadores, o mal-intencionado, o profissional que vive da política. Não quero aqui eximir o prefeito de nenhuma obrigação, mas, que ela seja de fato da sua alçada. Questiono aquilo que nos é colocado como um encargo a mais, nos responsabilizando por tudo, como se fossemos os únicos gestores públicos com obrigações e funções a exercer.

Vamos valorizar os bons prefeitos, os bons gestores, a confiança que você como eleitor depositou neles nas urnas não pode perder a validade como se fosse um produto perecível e de má qualidade. Vamos ajudar, fácil nunca será, mas, juntos é possível e o resultado virá numa cidade melhor para se viver. Pague seus impostos em dia, não sonegue, faça a sua parte e acredite na boa intenção e na capacidade que a imensa maioria dos administradores em nosso estado têm. Como vice-presidente da Associação Goiana de Municípios, tenho a oportunidade de conviver e trocar experiências com muitos deles, e posso afirmar, são homens e mulheres de princípios, que honram a confiança recebida pelo povo.

 

Kelson Vilarinho

Prefeito de Cachoeira Alta

Vice-presidente da AGM